segunda-feira, 14 de julho de 2014

BAÚ DO TEMPO: GP de San Marino - 1994

BAÚ DO TEMPO: GP amaldiçoado em San Marino, e perda de um ídolo
Há 20 anos atrás, dois pilotos perdiam a vida em acidentes em Imola. Um deles, infelizmente, era nosso maior ídolo. Em treino livre, Rubinho sofre acidente feio e se salva.

Fim de semana no fim de abril para o começo de maio. Ninguém imaginava que esses seriam os três dias mais negros da história da Fórmula 1. Para muitos, era um fim de semana qualquer, que teríamos outro GP de San Marino, que poderia marcar a redenção de Ayrton Senna, após rodar sozinho no GP do Brasil, e ser atingido por trás no GP do Pacífico. Na temporada de 1994, ele pilotava pela Williams. Nem ele imaginava que seria o último carro que guiaria na F1. 

Líder de um "Bom Senso F.C" da Fórmula 1, Ayrton Senna lutou por melhorias na F1, e ainda pediu o cancelamento do Grande Prêmio de San Marino após a morte de piloto austríaco no treino classificatório.
Tudo começou nos treinos de sexta feira. Em sua segunda temporada na Fórmula 1, o brasileiro Rubens Barrichello escapou em uma zebra da curva Variante Bassa, e voou a 225 km/h, colidindo com a parte de cima da barreira de pneus, capotando várias vezes e cair de cabeça pra baixo, desacordado. O desespero foi enorme, ainda mais na tensão por parte de Senna. O tricampeão era amigo de Rubinho e o tratava como seu sucessor para depois que se aposentasse (Senna pretendia encerrar sua carreira na Ferrari).

Médicos atendem Rubens Barrichello, desacordado, dentro da sua Jordan.
Sem aceitar que algo acontecesse com seu pupilo, o maior ídolo brasileiro pulou o muro do hospital para visitar Rubinho, e deu entrevistas, tranquilizando a todos, dizendo que o futuro recordista de GP's disputados na F1, estava bem. 

No dia seguinte, o destino reservava uma tragédia para os fãs de automobilismo. Com 20 minutos da última sessão classificatória, o austríaco Roland Ratzenberger, estreante na F1, perde o controle na curva Villeneuve e acerta o muro em cheio, a 320 km/h. Na hora, morreu. Dava pra ver o sangue na viseira do capacete vermelho e branco. Os médicos correram para atendê-lo. E enquanto isso, nos boxes da Williams, Ayrton Senna assistia, estático, ao acidente, por um monitor. Quando os médicos tentaram reanimá-lo com massagem cardíaca, o brasileiro não resistiu e saiu andando, chorando copiosamente.

Simtek de Ratzenberger ficou completamente destruída. Piloto morreu na hora, mas a FIA, para não cancelar o show, confirmou o óbito apenas no Hospital Maggiore, o mesmo em que Senna viria a falecer, no dia seguinte.
Com seu espírito de líder e com o respeito adquirido entre os pilotos, Senna tentou de tudo para cancelar o GP de San Marino, porque, pra ele, Ratzenberger ainda estava vivo, apesar da gravidade do acidente. Alguns minutos depois, uma coletiva de imprensa foi convocada: e o brasileiro ficou sem chão. Vinha a confirmação: Roland Ratzenberger, estreante na Fórmula 1, morreu.

Mais tenso do que de costume, segundo as pessoas mais próximas, Ayrton Senna não queria correr de jeito nenhum. Ele nunca havia visto um companheiro morrer na sua frente. Depois, pensou e voltou atrás de sua decisão. Ia correr por Ratzenberger, não por ele. Com um coração maior do que o mundo, Senna pediu uma bandeira da Áustria para guardar no macacão. Ele queria mais do que a vitória. Ele queria vencer para empunhar a bandeira e homenagear o piloto falecido.

Mas, logo na largada, a confirmação de que o fim de semana era mesmo negro. A Benetton do finlandês J.J. Lehto fica parada no grid, e é atingida em cheio pela Lotus do português Pedro Lamy. Safety Car na pista. Mas o pior foi que um dos pneus do carro acertou em cheio um torcedor na arquibancada em frente ao pitlane. Depois de 6 voltas, o carro de segurança saiu fora e deu lugar ao show dos pilotos. Senna dava o máximo de si, como sempre, e segurava a Benetton do então promissor Michael Schumacher, que havia vencido as duas primeiras etapas da temporada de 1994. 

A tragédia maior do fim de semana

Na abertura da sétima volta, o fim de semana ficaria ainda pior. Após passar rasgando na reta dos boxes, Ayrton Senna e Michael Schumacher se encaminham para a curva Tamburello. A mais traiçoeira do circuito. Nela, o brasileiro Nelson Piquet sofreu um grave acidente anos antes, pilotando uma Williams. E depois, foi a vez do austríaco Gerhard Berger, um dos melhores amigos de Senna, acertar o muro em cheio. Pra completar, seu carro pegou fogo. O capacete ficou com marcas do ocorrido.

Enquanto faziam a Tamburello, a barra da direção da Williams se rompe, e Ayrton Senna passa completamente reto, a 330 km/h, e acerta, em cheio, o muro de concreto. O carro se despedaça, Senna não se move. A imagem do acidente de Ratzenberger volta na mente. Mas ninguém imaginava que algo assim acontecesse com o tricampeão, maior ídolo da história do esporte brasileiro. O socorro demora pra chegar.

- Senna bateu forte! - narrava Galvão Bueno, melhor amigo do piloto.

Imagem que dói no peito dos brasileiros. A Williams despedaçada após a colisão, e Senna imóvel dentro dela.
Alguns segundos depois, ele mexe a cabeça levemente. Para muitos, ele estava bem e iria sair do carro andando, como se nada tivesse acontecido. Mas não. Senna não se mexia ou esboçava reação. A preocupação aumenta. O socorro chega, e faz de tudo para tentar salvar o brasileiro. Ele saiu da pista de helicóptero, diretamente para o Hospital Maggiore, de Bolonha, a alguns minutos do autódromo. Os médicos tentavam fazer tudo para tentar recuperá-lo, mas não dava nada certo. Havia sido anunciada a morte cerebral. Minutos depois, a punhalada final no peito dos brasileiros. Seu maior ídolo, tricampeão mundial de Fórmula 1, com duas vitórias diante da sua torcida, o "Senhor das Chuvas", morreu. A Dra. Maria Teresa Fiandri, com lágrimas nos olhos, anuncia o que ninguém queria ouvir, às 13h40 (horário de Brasília)

"Ayrton Senna morreu". - fazia se um silêncio absoluto, ninguém falava nada. Ninguém parecia acreditar.

A dor, que já era enorme desde a batida na curva Tamburello, se multiplicou. Na hora da batida, a bandeira vermelha foi tremulada, e a corrida foi interrompida. Voltou minutos depois, com a vitória do futuro heptacampeão mundial. A terceira dele na temporada. Com um tom negro. Nem Schumi queria saber de festa por outro triunfo. Queria notícias de quem considerava um professor. Recebeu a pior de todas. Desabou em lágrimas na mesma hora.

Plantões da Rede Globo entravam no ar a todo minuto, informando sobre o estado de saúde do piloto, até o derradeiro, quando anunciou a morte. Brasileiros choravam. Seu maior ídolo não estava mais entre eles.

O "Fantástico" daquele domingo foi inteiramente refeito em poucas horas, e entrou no ar com uma versão fúnebre do Tema da Vitória, trilha sonora dos triunfos brasileiros na Fórmula 1, mas que ganhou outra vida com Ayrton Senna. Pentacampeão mundial da F1, o argentino Juan Manuel Fangio, passou mal ao receber a trágica notícia.

Teve o funeral transmitido pela TV, e aquela cena emblemática da irmã dele, Viviane, com o capacete colado em seu rosto, chorando igual criança. Ela havia perdido um irmão. Seu Milton e Dona Neide, um filho. Bruno, um tio. Foi por causa de Ayrton Senna que Bruno ingressou no automobilismo até chegar na Fórmula 1, em 2010. Passou por duas escuderias em que seu tio havia passado: Lotus e Williams. Justo a Williams. A escuderia de Grove estava novamente no caminho de alguém com o sobrenome Senna.

Túmulo de Ayrton Senna é local sagrado para fãs da Fórmula 1. Todo ano, todo dia, são milhares de visitantes e fiéis fãs do piloto que vão ao Cemitério do Morumbi.
20 anos atrás...e eu nem havia nascido. Nasci no dia 2 de julho daquele ano, e não tive o prazer que meus pais, meus tios, e muitos de vocês tiveram. De ver Ayrton Senna correr, de ver a pessoa que ele foi, que inspira muita gente até hoje, não só por ser competitivo, mas pelo caráter que sempre teve, e pela humildade sem tamanho.

Uma frase motivacional dita pelo piloto em entrevista ao "Globo Esporte" em 1990, ano em que conquistou o bicampeonato, foi usada em um comercial da Nike, em alusão à Copa do Mundo.

Para brasileiros, Ayrton Senna é o maior ídolo da história do esporte nacional, superando Pelé.

Seja quem você for, seja qualquer posição que você tenha na vida...do nível altíssimo ao mais baixo social. Tenha sempre como meta muita força, muita determinação...e sempre faça tudo com muito amor, e com muita fé em Deus. Que um dia você chega lá. De alguma maneira, você chega lá.
                                Ayrton Senna

GAME F1 - Especulações

F1 2014: Especulações colocam Ayrton Senna no modo clássico
Morto em 1994, tricampeão deve estar disponível com outros grandes pilotos do passado. Outro tricampeão, Piquet também pode estar.

O game oficial da F1 só será lançado entre setembro e outubro. E já aparecem diversas especulações, começando pelo modo clássico, que fez sucesso no F1 2013. Com pilotos como Gerhard Berger, Alain Prost, Michael Schumacher, Damon Hill, entre outros. O modo agora pode contar com o maior piloto da história do automobilismo. Se você pensou ou respondeu Ayrton Senna da Silva, acertou. O tricampeão já vem recebendo homenagem póstuma no game "Gran Turismo", para Playstation 3. Mas no game oficial da competição onde se consagrou, Senna deve vir a bordo da McLaren MP4-4, com a qual conquistou o seu primeiro título mundial, em 1988.

PISTAS: No F1 2013, duas pistas clássicas e ligadas ao brasileiro estiveram disponíveis para download. A de Estoril, em Portugal, onde Senna conquistou sua primeira vitória na F1, em 1985, pilotando a Lotus. E a pista de Imola, onde era realizado o GP de San Marino. Foi a pista em que Ayrton Senna morreu após bater violentamente no muro sem proteção da curva Tamburello, em 1994. Na pista onde faleceu, o paulista conquistou três vitórias, e todas pela McLaren.

Outra pista que tem uma grande ligação com o brasileiro pode pintar no game. O circuito inglês de Donington Park, que sediou o GP da Europa de 1993, conhecido pela "melhor primeira volta da história". Senna largou em quarto lugar, mas saiu mal. Foi ultrapassado por alguns carros, e, debaixo de chuva (sua especialidade), ultrapassou Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Damon Hill, e por último, seu arquirrival Alain Prost. Depois disso, liderou de ponta a ponta e venceu com soberania. As outras pistas clássicas que estiveram disponíveis (além de Portugal e San Marino) foram as de Jerez de La Frontera e Brands Hatch, e o tricampeão venceu nos dois lugares.

E além de Senna, outro brasileiro tricampeão pode pintar como personagem jogável. Nelson Piquet ficou de fora da edição de 2013 por conta de direitos de imagem, assim como Ayrton. Dessa vez, os dois maiores campeões do Brasil na F1 podem estar disponíveis para os fãs jogarem. 

domingo, 13 de julho de 2014

Dois olhares, uma lembrança.

Não há como não sentir saudades e relembrar dos tempos "áureos" da Fórmula 1. Na Fórmula E, campeonato de carros elétricos da FIA, teremos a reedição da maior rivalidade da história do automobilismo mundial. De um lado, Senna. Do outro, Prost. Ao olhar para ambos na foto, não há como não lembrar de dois dos maiores pilotos de todos os tempos. Representando o brasileiro tricampeão, morto em 1994 durante o GP de San Marino, seu sobrinho, Bruno. E representando o francês, tetracampeão mundial, seu filho, Nicolas.


A cara deles: Sobrinho de Ayrton Senna e filho de Alain Prost revivem a maior rivalidade da história da Fórmula 1, agora na Fórmula E. (créditos ao blog Voando Baixo)
Bruno Senna já correu na Fórmula 1. Estreou em 2010, correndo pela fraquíssima Hispania. No ano seguinte, estava na Lotus, escuderia britânica onde seu tio correu e ganhou visibilidade, antes de partir para a McLaren. Conquistou seus primeiros pontos, e deu show na chuva em um treino do GP da Bélgica. A chuva, onde Ayrton Senna era soberano. 

Em 2012, quis o destino que ele fosse para a Williams. Justamente a Williams. O seu tio morreu pilotando um carro da escuderia de Grove, no Grande Prêmio de San Marino, em 1994. Foi até bem, mas perdeu a vaga no ano seguinte para o finlandês Valteri Bottas, atual companheiro de Felipe Massa.

Já Nicolas Prost ainda não teve a oportunidade que o sobrinho do tricampeão teve. Por enquanto, é apenas piloto de testes na Lotus. Onde o maior rival de seu pai começou a despontar após sair da Toleman.